2 de nov. de 2004

O Pau comia na Rua

Nesta época em que comecei a trabalhar, a ditadura instalada deu o seu aperto final com o AI-5. No Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, onde estudava no Largo do Machado, nosso Grêmio que havia sido criado poucos anos antes, logo após eu ter entrado para lá, foi fechado. Como tínhamos o procedimento de formar as turmas no pátio antes de subir para as salas, a diretora, Dna. Hilda, veio até o pátio e simplesmente falou que a partir daquela data o Grêmio estaria fechado, e que não tinha muitas explicações para dar.

No centro da cidade, aonde eu comecei a trabalhar, os discursos e movimentos contra a ditadura aconteciam constantemente. E também o pau comia solto. Quantas vezes saia para almoçar e o pau comia na rua, bombas de gás lacrimogêneo estourando e muita correria. Os edifícios fechavam as portas assim que a confusão se formava, e quem estava fora não entrava e quem estava dentro não saía. Várias vezes não fui almoçar e várias vezes fiquei sem voltar para o trabalho, ou só conseguia voltar quase no final do expediente. Várias vezes entrei no primeiro edifício que vi, para me proteger da PM e das bombas de gás.

Passou-se um tempo e assistimos lá de cima do escritório da empresa a famosa passeata dos 100 mil. De arrepiar. Dali para a frente as coisas se acalmaram, em termos de tumultos na rua. Pois com o AI-5 quem "mixava fora do pinico" ia parar nos porões do DOI-CODI. E dali para desaparecer era um pulo.

No site http://www.evandroteixeira.net/68destinos/68destinos.html tem a foto da passeata, com vários recursos. Vá lá e veja.

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