29 de mai. de 2007

Estamos Pior do que o Iraque, Palestina ou Angola

Quando ando de carro aqui no Rio, fico tentando achar os bandidinhos, antes que eles me achem. Os bandidões a gente já sabe onde estão.
Atraso a minha saída de casa para o batente para após as 07:30, pois a partir daí o trânsito aumenta e dificulta a ação de fuga dos bandidos. Evito também estar na rua após as 19:00 hrs. Fico tentando, porque para quem já foi rendido 3 vezes, você acaba achando que, vendo eles antes de agir, possa existir alguma alternativa para você sair do bote.

Da última vêz vi duas motocicletas através do retrovisor interno se aproximando muito rapidamente. Motocicletas novas e coloridas. Quatro moleques subnutridos e sem capacetes. Só não sei identificar ainda a facção: CV? ADA? Unidos do Mensalão? Amigos da Gautama? Realmente não sei. Aí falei: Dancei, vou tentar retornar (a pista tinha canteiro no meio) pois se não tivesse sido eu o escolhido tinha saído fora e acelerado. Retornei meio acima da velocidade normal e as duas motos fizeram o retorno também, porém com um raio menor. E aí dou de cara com os garupas na minha janela mostrando as pistolas e gritando, pára, pára, perdeu! Aliás, bonita pistola. Estou com vontade de comprar uma dessas. Se alguém souber quem está vendendo, favor avisar. Pago a vista. Aaahhh e preciso também de bastante munição.

Bom, este foi o meu terceiro assalto (por volta de 2003-2004, as 06:30 horas em Mary Grace), e em todos os três eu estava andando no trânsito. E os caras chegaram para ultrapassar e mostraram as armas e mandaram parar. Hoje dirijo no estilo Felipe Massa e quer seja espanhol ou do CV, não deixo ninguém chegar do meu lado, quando o transito está livre. Fico até pensando em jogá-lo em cima de um poste ou dentro de um canal. Mas é só pensamento. Ainda não coloquei em prática. O Felipe Massa está mais adiantado que eu. Mandou o Alonso comer pedra e areia no Grande Prêmio da Espanha no início deste mês.

Feliz é aquele que nunca passou por isto e anda tranquilo pelas ruas do Rio (ou Brasil?). Continue com a sua tranquilidade e que Deus o ajude a nunca estar na hora errada no lugar errado.

Hoje, saindo do Tunel Noel Rosa, na Barão de São Francisco, encontro o primeiro sinal fechado, mas com carros na minha frente. Quando sou o cabeça da fila, avanço este sinal. Esta esquina tem cadáveres de motoristas na sua história. Tive que aguardar a galera sair. Venho pelo Noel Rosa, porque pela Marechal Rondon é pior, segundo os especialistas. O trecho entre o Noel Rosa e a UERJ é uma delícia para assaltar, segundo os bandidos. Que o diga um Detonauta destes aí da vida. Sinal abre e o outro da esquina da Praça Sete ainda está fechado. É normal. Desenvolvi uma hábito de deixar um espaço para o cara da frente. Um espaço bem grande até. Um carro e meio. E foi o que fiz. O carro da frente era um Ecoesporte amarelo e com vidros pretos. Não me lembro dele no outro sinal. Não via nada lá dentro. Na frente dele mais uns dois carros e na pista da direita outros tantos carros. Antes do sinal abrir um cara saiu pela porta direita da frente com um fuzil de última geração (tipo Core Duo ou Ipod) e maior do que ele. Deu para ver um carregador debaixo do fuzil para umas 50 balas tranquilamente (acho que vou precisar de um desses também, deve custar caro, mas deve ser fácil de achar, pois tem um montão nas mãos desses bandidinhos). Pela porta esquerda de trás, desceu outro bandidinho com uma das tais pistolas que me enchem os olhos. Quadradinha, grande prá "caruscka". Isto às três e meia da tarde, cheio de gente e carro na rua, e o cara escolhido, do Honda Civic prateado não saia. O sinal abriu, os carros da frente se foram, e ficaram o Ecoesporte amarelo e o Civic prata arrolhando o trânsito. Pensei em dar a ré, mas estava cheio de mané que nem eu, parado atrás. Só corujando o lance. O do fuzil deu umas 3 pancadinhas delicadas no vidro do cara, aí eu pensei, se não sair, ele vai gastar a munição. Mas aí o cara saiu (depois ele me falou que ficou nervoso e não conseguia soltar o cinto), o do fuzil arrancou o relógio do braço dele e entrou pela frente e assumiu a direção e o da pistola entrou pela porta de trás. Aceleraram e viraram a direita na Barão do Bom Retiro. Na frente foi o Ecoesporte, provavelmente para contabilizar o ganho, entocar um dos carros no Morro dos Macacos, e voltar para o trabalho. Ontem a noitinha no Meier foram 9 carros.

O tal de Felipe ficou que nem eu fiquei nos meus assaltos. Na calçada, chupando o dedo. Passei para a direita, parei o carro e ofereci carona para ele. Liguei para o 190 e comuniquei o fato, sem o número da placa. O carro não era dele, era emprestado e o documento foi embora junto com a pasta dele. Ele queria ir para a DP. Disse a ele: vai para casa, cancela cartão, cheque, celular, etc... e depois, com calma, vai a DP fazer o BO, porque sem o documento do carro os caras não fazem registro.

Este é o relato de quem já foi assaltado 3 vezes nas ruas do Rio e acha (acha não, tem certeza) que a vaca já foi pro brejo. E o pior, não teremos mais a presença do Governador (responsável mor pela segurança do Estado) SCF nos enterros. Assim ele falou (se referiu aos policiais, mas estou extendendo aos seres mortais comuns).

22 de mai. de 2007